terça-feira, 13 de julho de 2010

brincar, a brincar... a verdade vem à tona!

Fosse qual fosse a intenção do autor, este texto é verdadeiro, actual e merece ser lido.

Carta a minha filha. Da Europa à Anti-Europa

por Rafael Castela Santos

Querida filha,

Escrevo-ta porque és verdadeiramente europeia. Porque foste concebida em Portugal, em Fátima, porque nas tuas veias corre sangue espanhol, francês e alemão. Porque cresceste no Reino Unido. Porque falas vários idiomas e, além disso, já sabes alguma coisa de latim. Porque em ti vê o teu pai, que te ama profundamente, reflectida uma certa ideia carolíngia que me enche de saudade. E porque, acima de tudo, és católica, que é a verdadeira Fé: "Unique et Vraie", como te faço repetir frequentemente, petite chouanne. Porque a única maneira de se ser verdadeiramente europeu é ser-se católico. Os que o não são e os que combatem a nossa Santa Religião são destruidores da Europa, saibam-no ou não.

Há uns dois mil anos, um povo nobre, os romanos, conquistavam a Europa. Eram excelentes em engenharia civil e na arte militar. Lembra-te das pontes e dos aquedutos que vimos em Espanha e nas calçadas e ruínas romanas que visitámos em Cirencester, em Metz, em Salamanca, em Mérida ou em Évora. E, minha filha, ainda nos deixaram leis, o Direito Romano, um monumento impressionante que nos continua a inspirar actualmente. Um dia vou explicar-to, mas isto tem a ver com o que o papá te disse sobre ser justo, tal como te digo que temos de ser justos com os nossos vizinhos ou que tens de ser justa com as outras meninas da escola.

Sabes que o papá sempre te diz que o romano ficou mais e melhor identificado na pele dos touros de Espanha e de Portugal do que nos do resto do Império. Somos mais romanos que os outros romanos, se assim se pode dizer. Vês este amor reverencial que tenho pelos teus avós que são os meus pais? Vês que a primeira coisa que faço quando te levo à minha Lusitânia interior é ir ao cemitério? Isto, minha querida, são coisas da nossa Santa Religião, mas também são coisas dos romanos. Quando eu for velhinho quero que tenhas por mim o mesma respeito que tenho pelos teus avós e, quando morrer, quero que rezes por mim tal como eu faço por todos os nossos mortos. Não te peço isto só por mim mas também por ti, para que saibas onde estão as tuas raízes. E porque ao honrares os teus pais e antepassados honras a tua Pátria, meu tesouro.

Sempre te digo, minha filha, que penses nas coisas, que raciocines. Porque de todas as faculdades da tua alma a razão é a mais importante. Mas isso, minha filha, foi-nos ensinado pelos gregos. E os romanos, quando se expandiram e invadiram outras terras, deram-se conta, porque não eram tontos, de que os gregos eram muito espertos e capazes. Assim se ligam romanos e gregos. Lembras-te do homem que soube morrer serenamente e que se chamava Sócrates? E daquele outro que era o mais privilegiado da Antiguidade, Aristóteles, de quem já te falei? Esses eram gregos. Um destes dias, minha filha - se Deus quiser - vamos lê-los juntos e falaremos deles.

Mas faltava vida a tudo isto. Existiam demasiadas mortes, demasiada crueldade. Havia escravidão. Mas, sobretudo, havia escuridão. E havia tudo isto porque os nossos primeiros pais, Adão e Eva, pecaram. Tornava-se necessário restaurar a raça humana. Porque só um Deus podia apagar a ofensa que nós, os humanos, Lhe tínhamos feito. Entre um povo eleito por Deus, os judeus, cujo sangue também te corre nas veias, nasceu o Messias, o Redentor: Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas Israel, chamado a ser a luz do mundo, rechaçou o Filho mais Sublime da raça escolhida e a sua mensagem chegou a Roma, aos gentios.

Sobre esta obrigação assumida de amar a Deus sobre todas as coisas os homens construíram durante centenas de anos a maior civilização jamais conhecida: a civilização cristã. Repara, minha filha, que nessas Catedrais e nesses castelos que temos visto juntos, sempre Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, é a figura central. Nota quantas coisas belas e preciosas se fizeram. Esse Santo a quem rezamos, São Tomás de Aquino, escreveu uma obra única. Um poeta genial, Dante, escreveu a Divina Comédia. Recordo-me, minha filha, de como um dos melhores momentos da minha vida era quando me sentava ao lado do teu berço vendo-te dormir e relia a Divina Comédia. A Virgem, meu amor, estendia o seu manto azul e protector sobre aquela civilização.

Mas veio a decadência e a Europa, a Cristandade, deixou de ser Cristandade. Começou a Anti-Europa, a Anti-Cristandade. Tal como na época de Moisés, quando desceu do Sinai e encontrou o povo eleito adorando um bezerro de ouro, começou a prosperar a ideia de que o dinheiro e o comércio eram o mais importante. Já não existiam cavalheiros a protegerem donzelas nos castelos, tal como nos contos que te leio, e os reis e os poderosos exploravam os pobres e os desvalidos em vez de os defenderem como seria seu dever.

As pessoas começaram a pensar coisas estranhas, minha filha. As palavras ficaram vazias de significado e entregaram-se os homens a coisas feias. Até aí o centro de tudo era Deus, Jesus Cristo. Começaram a pôr o homem no centro das coisas e a Deus já não lhe davam importância. Vieram homens maus, como Lutero, que dividiram a Europa em duas. Dás-te conta, minha querida, de que na nossa querida Alsácia os povos luteranos, embora sejam mais limpos pelo lado de fora, são mais feios do que os católicos?

A seguir vieram coisas terríveis, como o que sucedeu nessa tua outra pátria, a França, onde uns revolucionários miseráveis construíram um mundo que odiava a Deus e à Santa Igreja Católica. A Anti-Europa, a Anti-Cristandade, mostrava a sua verdadeira face. Compreendes agora, minha filha, porque me aborreço e até grito cada vez que passeamos em França e vemos estátuas erigidas a pessoas como Eckermann, Kléber ou Napoleão, todos eles assassinos da pior espécie?

Mas, olha, em todos esses países houve resistência. Resistimos em La Vendée, em França, tal como quero que tu resistas, petite chouanne. Resistimos em Espanha, com os heróis carlistas, até à última Cruzada em 1936. Também nas outras Espanhas, que também são Europa, sofremos muito, como por exemplo os federais argentinos, que fizeram frente aos selvagens e imundos unitários, ou, mais tarde, os mártires carlistas em terras da Virgem de Guadalupe. Também lhes fizemos frente em Portugal, a esses republicanos, maçons e liberais. Em Itália fizemos o que pudemos contra os garibaldinos e carbonários, autênticas orcas saídas do Inferno…

Entretanto, na Rússia começava a germinar algo que acabaria por ser como Saurón. Tiraram o poder à Europa e pouco a pouco deram-no à Ásia, à China e à Rússia. O comunismo, a penúltima heresia mas até hoje a mais maléfica, triunfou nestes países. Se seguirmos a Mensagem de Fátima, um dia a Rússia voltará para a Fé e para a Igreja. Nesse dia a Europa ressuscitará.

Isso a que agora chamam Europa, a União Europeia, não são mais do que passos em direcção a esse homem de perdição, o Anticristo. Não creias neles, meu tesouro.

O papá não está bem de saúde, filha minha. Talvez eu já não veja. Mas transmiti-to o melhor que pude e soube. A Europa é a Cristandade, não é outra coisa. O que não for a Cristandade não é Europa, é a Anti-Europa. Pratica a virtude. Luta por isso, minha filha, ainda que para tal percas a vida. Transmite-o aos teus filhos, aos meus netos, e se fores freira - o que me alegraria - di-lo aos filhos espirituais que venhas a ter, porque te chamarão de Madre.

E combate o fariseísmo, que é o cancro que corrói o espírito.

Tem esperança, minha querida. Passamos tempos maus, mas a vitória pertence a Cristo e a mais ninguém. A Europa voltará a ser Europa. Regressará a Cristandade e ecoará um grito de felicidade como jamais a conhecemos em muitos séculos e haverá paz em Cristo. Isto já te ensinei a dizer em latim: Pax Christi.

Ah! Já me esquecia de uma outra coisa: Não comas tanto chocolate!

O teu pai que te quer muito, com toda a sua alma e todo o seu ser, que te abençoa em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.


Original aqui: http://www.alamedadigital.com.pt



Nota: Repito: Este texto retrata a mais pura verdade, no seu mais literal sentido, fosse qual fosse a original intenção do autor.